sexta-feira, 6 de abril de 2012

O pássaro. A flor. A utopia.


Caro leitor,

Há alguns dias, decidi dar um tempo nos afazeres lá na Faculdade, pois costumo ficar horas diante do computador, e fui passear pelo pátio do Homerton College, que é muito bonito.

Também fui andar porque parecia que a primavera chegava, que o sol iria imperar, mas que nada. Hoje, sexta-feira, feriado de Páscoa, que aqui irá até segunda-feira, faz muito frio. Na verdade, aqui faz frio. Faz frio. Faz frio.

Caminhando, encontrei uma árvore imensa, com umas flores bem diferentes, e resolvi fotografá-las. Não sei o nome, porque não havia jardineiro lá na hora para perguntar. Sempre me impressiono quando encontro algo novo, que nunca vi na vida, desde que esse algo seja interessante.

Acho que a diversidade da natureza traz uma certa paz e alívio, sei lá, pelo menos para mim, e essas flores, ou as flores novas que encontro pelo caminho, e sempre as encontro, aqui ou onde quer que eu esteja, me servem de inspiração. Elas são tão quietas, silenciosas, não as vemos crescer, sequer sabemos que estão crescendo, de tão caladas, e um belo dia elas despontam. De certa forma, acho que as idéias são assim. Elas estão aqui, não as vemos, não as vejo, e amanhã elas vão despontar.

E assim o homem muda o mundo. Se muda. É mudado. Ou não é mudado. Mas dizem que não mudar já é mudar. Não tomar uma decisão já é tomar uma decisão. Enfim, de volta à dialética. O movimento. A esperança. A utopia.

Acho que, às vezes, as flores e as idéias fazem barulho, sim, antes de aparecer. É que não as ouvimos. Muitas vezes não ouvimos. Falamos, falamos, falamos. Não ouvimos. Não somos ouvidos. Ouvimos. Somos ouvidos. Parece que sempre fica um vácuo a ser preenchido.

Lá fora os pássaros cantam. E são tão parecidos com os nossos!

São 18h26 e faz frio. Sempre faz frio. O sol deve estar hibernando por aqui, para, um dia, desabrochar.

Até!
Rosane.
Cambridge, 6 de abril de 2012.






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