quinta-feira, 5 de abril de 2012

Séculos de leitura. E os leitores?


Caro leitor,

No fim de março fui visitar a Cambridge University Library, que tem um dos maiores acervos de livros e manuscritos da Europa e do mundo.

Na verdade, visitei uma exposição, a "Shelf lives", em que apresentam algumas obras de colecionadores, mas nada assim tão interessante.

O que me pareceu mais interessante foi o prédio da biblioteca. Quero ver se volto para visitá-lo.

Quanto mais pesquiso sobre leitura e livros, mais me pergunto onde estão os leitores. O Programa Nacional Biblioteca da Escola (PNBE), por exemplo, não deixa a desejar quanto aos livros que envia às escolas públicas de todos os níveis. Mas a pergunta central é: cadê os leitores?

Não há leitores. Todo o dinheiro gasto, todos os anos, milhões, e milhões, e milhões de reais, fica parado dentro das caixas, junto com os livros. No Brasil não se lê nas escolas públicas. E não se lê por falta de livros. Os livros estão lá. Não se lê porque educação não é importante no Brasil. Os governos vivem, geralmente, de propaganda, de marketing.

O PNBE é excelente para os editores, que vendem os livros ao governo. Mas o PNBE é péssimo de uma maneira geral. Se eu visse a presidenta, lhe diria: "Abaixo o PNBE! Não é de livros que precisamos. Precisamos é de investir em educação". Os livros são apenas uma pequena parte do processo.

Enquanto isso, os livros dormem em berço nem tão esplêndido. Ontem mesmo, no site do PNBE, vi uma referência ao envio de livros às bibliotecas das escolas. Isso soou-me como uma piada. Que bibliotecas? Onde elas estão?

O Brasil é um faz-de-conta? É real o Brasil? Ou tudo não passa de uma divertida brincadeira para a classe privilegiada, essa sim, repousando eternamente em berço esplêndido?


Até!
Rosane.
Cambridge, 5 de abril de 2012.





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