segunda-feira, 9 de abril de 2012

A troca da guarda - Não da ideologia!


Caro leitor,

Não estou conseguindo atualizar o blog como gostaria. Acontecem mais coisas do que minha capacidade e meu tempo podem acompanhar.

Aqui estão umas fotos da troca de guarda real. Ano passado, quando visitei Londres pela primeira vez, eu os vi rapidamente, cruzando as ruas, em direção ao Palácio de Buckingham.


Mas havia uma multidão ao redor, porque era verão, e o verão na Europa é um tumulto só.

Mas, no final de março, fui a Londres e, por acaso, enquanto caminhava próximo ao prédio da guarda, tive a sorte de pegar o comecinho da apresentação deles. Uma pena que eles não vestiam o uniforme vermelho, que é mais bonito, na minha opinião. Eles se parecem com soldadinhos de chumbo. Se parecem com guardas chineses, sei lá, de Mao Tsé-Tung, uma coisa meio pesada, ditatorial. Não dá para ver suas faces, porque aquele chapéu cobre quase tudo.

Eles são meio bizarros, mas foi legal vê-los. Algumas poucas pessoas assistiam do lado de fora, porque outras tantas estavam lá, em frente ao Palácio, a esperá-los, e perderam a melhor parte. Havia um senhor já bem idoso, do meu lado, um escocês que mora em Londres há muitos anos, que me explicava o sentido daquela apresentação, naquele dia específico, o porquê daquelas músicas, o significado que elas têm, e se referia a Napoleão Bonaparte, coisa e tal. Explicava-me que os guardas com os chapéus maiores estavam em um nível mais alto, coisas assim da monarquia.

Tentei pôr aqui no blog a gravação em vídeo da apresentação, mas acho que deve ser pesado demais, porque não consigo baixá-la.

Eles fazem a troca e depois ficam lá, no complexo que compõe o Palácio, fazendo a guarda. E assim a monarquia segue. E também seguimos eu e o senhor escocês, que admira a rainha, mas que me disse já ter perdido vários empregos na vida, porque é um anarquista.

Ele caminhava com muita dificuldade, se vestia com extrema simplicidade, tinha a barba bem branca e longa, e era inteligente e simpático, alegre, apesar do peso da idade. E ia caminhando a pé de lá até a Trafalgar Square, onde está a National Gallery, onde estão "Os girassóis", de Van Gogh. Quando chegamos em frente ao Big Ben, o homem seguiu seu caminho, à esquerda, e eu o meu, à direita.

Ele me perguntou se sou anarquista. Disse a ele que não, mas que também já perdi muitos empregos!!!

Até!
Rosane.
Cambridge, 9 de abril de 2012.










2 comentários:

  1. Lindas fotos e texto muito interessante...Abraços.

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  2. Oi, Pedro, obrigada! E, sobre o senhor escocês, ele me disse bem baixinho, como se cochichasse:

    "Aqui nesse país não se pode dizer que se é anarquista!".

    São essas pequenas grandes coisas que nos ajudam a compreender outras culturas, eu acho, e a nós mesmos, e vai ficando mais claro como paira, na verdade, um certo ar de autoritarismo - disfarçado - na monarquia britânica, que tenta exercer um controle rígido sobre todos, embora tentem passar a idéia de amabilidade.

    Há, na minha opinião, é um ódio encoberto, especialmente por outras culturas, e um decadente e desmesurado orgulho que, infelizmente, é cultuado por boa parte do mundo, como um "jeito de ser" inglês. Fazer o quê?

    Um abraço!
    Rosane.

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