domingo, 20 de maio de 2012

Torre de Babel


Caro leitor,

Hoje, domingo, fez muito frio aqui em Cambridge. Saí, no final da tarde, para ir ao supermercado, e era um frio cortante, como se houvesse uma lâmina sendo esfregada contra o rosto.

Pelo visto, a primavera aqui vai ser bem fria mesmo. Estou na Inglaterra há mais de dez meses e há seis meses faz um frio absurdo. Nos outros quatro meses fez um frio quase absurdo!!!

Talvez, talvez em junho tenha sol. Talvez! Já não esquento mais a cabeça com isso. Tenho esquentado com a tese. Não com o que está pronto, mas com aquilo que não está. E não se trata de encontrar mais coisas. Talvez se trate de encontrar o fio da meada.

De repente, a tese ficou em suspenso. Ou em suspenso estou eu? Mas vou terminá-la. E nada mudará em termos de leitura no Brasil. A tese é só um grãozinho de areia que quero devolver ao mar, como uma garrafa que carrega uma mensagem, à espera de um dia ser descoberta. Mas ainda me falta a mensagem principal.

Uma tese tem sempre que ter respostas? Tem que ter perguntas? Não pode ser uma mensagem em branco, como se fora um protesto quando não acreditamos mais no nosso próprio país?

Na verdade, eu acho que nunca acreditei... Ou será que é só uma desilusão passageira? 
_________________________________________________________________________________

Quando eu voltava do supermercado, passei por um grupo de quatro homens bêbados, que brigavam. Não deu para entendê-los direito, porque eu não podia parar perto deles, e também porque eles falavam todos juntos, mas sei que brigavam por conta de umas chaves. O problema tinha a ver com chave.

Pensei: "Bêbado é igual em todo lugar. Só muda a língua e a geografia". E vai ver que também muda a marca da bebida... 

Sei que um deles empurrava a bicicleta e outro tinha um cão com uma coleira. Todos cambaleavam. Só o cão, aparentemente, estava lúcido. 

Até!
Rosane.
Cambridge, 20 de maio de 2012.

Nenhum comentário:

Postar um comentário