terça-feira, 31 de janeiro de 2012

Vai nevar !!! ???

Leitor,

Tudo indica, pelas previsões meteorológicas, que vai nevar mesmo na Inglaterra nos próximos dias. Está ficando muuuuiitoo frio, mas está muito legal. É tudo muito bonito.

Agora são 10:33 da manhã, em Cambridge, e está bem frio mesmo. Meu receio é de que esses meteorologistas do Primeiro Mundo sejam parecidos com os nossos, do Terceiro Mundo, e também errem bastante. Se eles errarem, não verei neve.

(Uma dúvida que persiste: o que, efetivamente, diferencia o Primeiro do Terceiro Mundo?)

Hoje peguei, pela primeira vez, um livro emprestado na biblioteca do Homerton College, que fica do lado da Faculdade de Educação. Mas, embora eles estejam juntos, funcionam de uma maneira completamente diferente.

A biblioteca é moderna e você mesmo pega o livro emprestado, você mesmo faz a leitura ótica, você mesmo faz tudo. Claro que hoje recebi ajuda da atendente, que foi muito simpática, fez meu cadastro, e pude obter muitas informações sobre como funciona a biblioteca. Enfim, foi possível conversar sobre várias coisas que me ajudaram a compreender melhor como funcionam as coisas por aqui, no Reino Unido. Pena que não dá para conversar mais, com mais pessoas.

Hoje à tarde vão apresentar "Cidade de Deus", aqui na Faculdade de Educação. Acho que irei, não sei. Não gosto desses filmes que mostram a violência do Brasil. Não dessa maneira. Acho Meirelles muito "star". Mas deixa para lá.

A vida segue. Em Londres, agora, está zero graus e eu queria estar em Londres!!! A exposição do Leonardo da Vinci, na National Gallery, está chegando ao fim, mas não sei se farei nova tentativa de ir lá. Nunca tem ingressos!!! E vou confessar uma coisa: não gosto tanto assim do Da Vinci. A Monalisa, no Louvre, em Paris, é só um quadrinho.

Há certas coisas na vida que é melhor não conhecermos de perto. Às vezes, é melhor viver só com a ilusão.

Até!
Rosane
Cambridge, 31 de janeiro de 2012.



segunda-feira, 30 de janeiro de 2012

Um jeito de ser

Leitor,

Estar pesquisando na área de educação me faz pensar muito, mas muito mesmo nas relações humanas. Se antes eu já pensava, agora a intensidade é maior.

Escolhi a área de comunicação porque sempre achei que comunicar-se com as pessoas não é tarefa fácil. Mais tarde na vida percebemos que a comunicação conosco mesmos também tem lá suas discrepâncias. Esse nosso eu às vezes nos prega muitas peças.

Mas sou utópica. Não otimista, que dessa palavra não gosto. Gosto da palavra grega utopia. Anos atrás, indiquei um livro para estudantes de jornalismo e a jovem aluna, com ar de enfrentamento, olhou para mim e me disse: "Você é utópica!".

Ela estava me dizendo: "Onde já se viu achar que vamos ler este livro, ou seja, que vamos L-E-R?!".

Contei isso a uma pessoa amiga, que me ajudou a compreender que aquilo, que me fez sentir afrontada, sem que a garota soubesse, era, na verdade, um elogio às avessas. Sim, fiquei contente com a reinterpretação, com a ressignificação do sentido. Sou mesmo utópica e, quando em sala de aula, indico livros para que os alunos leiam. Por que não?

Aqui em Cambridge, questões antigas vêm à tona, mas ainda não tenho respostas. Acho que, cada vez mais, o mundo acadêmico, esse da pesquisa, é frio. É sem graça. É previsível. É repetitivo. É redundante. É pouco inovador. É. É. É. E não É.

A terra, o chão, o solo não são preparados para que o aluno floresça. Se é assim nas universidades, imagina entre as crianças, os jovens? E entre aqueles que estudam nas escolas públicas? Quantos talentos, que poderiam florescer e brilhar, são perdidos diariamente? São sufocados, deliberadamente? Quantos brasis ainda estão por vir, mas que se perdem nas sombras?

Deixo aqui um trecho do livro do humanista e psicólogo americano, Carl Rogers, Um jeito de ser, porque me identifico bastante com o que ele diz, especialmente nesse momento da minha vida. Porque acho que é muito difícil encontrar um lugar onde possamos florescer. E se criássemos esse lugar, ao invés de esperar que alguém o crie para nós?

(Cadê a aluna para me dizer que sou utópica? Pobre garota, que perdeu tão cedo a capacidade de sonhar e talvez nem saiba...)

Rogers:

Quando sou ouvido, torno-me capaz de rever meu mundo e continuar. É incrível como alguns aspectos que antes pareciam insolúveis tornam-se passíveis de solução quando alguém nos ouve. É incrível como as confusões que pareciam irremediáveis transformam-se em correntes que fluem com relativa facilidade quando somos ouvidos. Fiquei imensamente satisfeito nos momentos em que fui ouvido desta forma sensível, empática e concentrada.

Até!
Rosane
Cambridge, 30 de janeiro de 2012.

domingo, 29 de janeiro de 2012

Está congelando!

















Leitor,

Está muito frio hoje, domingo. Está congelando ou, como dizem os ingleses: "It´s freezing!". A previsão é de neve para esta semana que está chegando. Nem posso acreditar, que vou realizar meu sonho...

Estas fotos foram tiradas na rua onde moro, Cavendish Avenue, próximo ao Homerton College e à Faculdade de Educação. Tirei as fotos por volta das nove da manhã. Foi a primeira vez que ficou tudo quase encoberto.

Não pense que as fotos estão desfocadas, pois não estão. É frio mesmo, mas a vida continua. Às sete da noite vou sair para caminhar pelas ruas aqui ao redor, para aproveitar esse tempo tão pouco usual para quem nasceu na América Latina.

Até!
Rosane
Cambridge, 29 de janeiro de 2012.








O amor está no ar

Leitor,

Vou aproveitar a inocência dos patos (ou seriam gansos?) para falar sobre o amor sob o céu da Inglaterra.

Durante o mês de janeiro inteiro, as lojas fazem promoção. Decidi ir à Harrods, no sábado, para conhecer a mais famosa loja de departamentos da Inglaterra, e para, quem sabe, encontrar bons preços.

No site deles, eles já avisam que, mesmo em promoção, os preços costumam ser salgados. Ou seja: "Se você é pobre, já vem sabendo o que vai encontrar". Dito e feito.

É legal ver que em lojas chiques, e disso eu já sabia, eles não gostam muito de pôr preços. Será que isso é mania de pobre? Eu gosto de ver o preço antes, sempre. Isso também deve ser mania. Mas há algumas marcas lá na Harrods que são mais simpáticas e os preços estão lá.

O que me chamou a atenção é que, como no Brasil, termina uma data comemorativa e já começa outra. Por isso, como eu já disse, o mundo é tão igual e tão parecido ao mesmo tempo. É a tal globalização que faz isso!

Aqui eles já estão vendendo presentes para o Dia dos Namorados. Não tem coisa pior, na minha opinião, do que essas datas quando somos mais jovens. Eu sempre ficava com a sensação de que todo mundo tinha namorado, menos eu. E, quando estava namorando, ficava entediada com a data, pois é difícil presentear, eu acho.

Dei uma passada na Yves Saint Laurant, por exemplo, e vi umas camisas bem básicas, com preços ótimos para quem é filho do Eike Batista. Pela pechincha de 1.525 libras - ou pounds - você sai de lá com uma camisa de manga comprida para o seu amado. Isso, feita a conversão, sai em torno de cinco mil reais. Será que o namorado ainda reclamaria?

Eu não conheço, mas quem de vocês já comprou na Daslu, ou na Oscar Freire, deve achar que o preço da Harrods está bem bom mesmo. E, para os homens, que tal presentear a amada com um sapatinho da moda da Louis Vuitton?

Na Galeria Lafayette, em Paris, dá para comprar um par por uns 790 euros, algo em torno de dois mil reais, por aí, os mais baratinhos, como pude perceber. Mas, deixando a futilidade de lado, que dela eu não gosto, tenho que admitir que, se meu namorado me presenteasse com esse mimo, eu juro que não reclamaria. A não ser que ele errasse o número...

Dos sapatinhos da Louis Vuitton, confesso que gostei demais.

E fica no ar a pergunta: está faltando dinheiro, namorados menos pão-duros ou é difícil achar o número que melhor caiba nos pés da amada?

Obs.: A foto, tirada por mim, é dos patos (gansos?) no lago Serpentine. Acho que eles vivem felizes sem sapatinhos da Louis Vuitton. Temos muito a aprender com os animais.

Até!
Rosane
Cambridge, 29 de janeiro de 2012.

Hyde Park - Três
















Leitor,

Aqui, mais imagens de Londres. Acima, a estátua em frente ao Palácio de Buckingham, já anoitecendo. Abaixo, três fotos do lago Serpentine, no Hyde Park. A última foto é do Hyde Park.
Eu não tinha visto isso, quando bati a foto, mas há uma mulher de azul que se exercita, sob o pôr-do-sol. Para ver as fotos em seu tamanho normal, dê um clique, e acho que elas ficam mais bonitas.

Até!
Rosane
Cambridge, 29 de janeiro de 2012.




Hyde Park - Dois









Caro leitor,

Antes de mais nada, quero dizer que estou feliz, pois já tenho cinco seguidores nesse meu blog:

a) o pesquisador e lingüista, Eduardo Rivail Ribeiro, que estuda nos Estados Unidos e que também é goiano e que também fez jornalismo na UFG;

b) a Renata Nakano, jornalista com experiência na área editorial, e que conheci na PUC-Rio, em junho de 2011, quando a Maria Nikolajeva foi lançar Livro Ilustrado: Palavras e Imagens, no Brasil, pela Cosacnaify, e fez uma palestra na Cátedra de Leitura;

c) a Brenda Staut, minha professora de Inglês (a melhor que eu já tive) e que aprimorou o Inglês nos Estados Unidos e que aprendi com ela o Inglês americano e que por isso ela diz que espera para ver meu sotaque britânico;

d) a jornalista e irmã Núbia Silva, responsável pela área de comunicação popular da Pastoral da Criança, em Curitiba (criada pela doutora Zilda Arns), irmã com quem já tive a oportunidade de trocar idéias pessoalmente e é pessoa bastante dedicada à causa pastoral;

e) Cacau Mendes, que não sei quem é, mas fico feliz que participe. Será que ela já foi uma das minhas alunas na PUC-Campinas? Se foi, é uma das que ficaram com boas recordações... Nem sempre é possível agradar a todos. Mas a PUC-Campinas é daquelas experiências que, com o tempo, a gente quer apagar da memória, com ressalvas, é claro, ao que aconteceu de bom. O ruim tem sempre a ver com os administradores. Esses, ah, deixa para lá!

Mudando o tom da conversa, ao lado você vê fotos do Hyde Park, do portal, e vê, na seqüência, a fachada da Burberry, marca usada pela duquesa Kate Midleton. Eu entrei na loja e tudo é bem caro, para variar. Afinal, quem mandou não nascer princesa?

Até!
Rosane
Cambridge, 29 de janeiro de 2012.

Hyde Park - Um













Leitor,

Hoje estou com muita preguiça de escrever. Acho que deve ser o frio. Ontem fui a Londres e jurei que não ia ficar tirando tantas fotos. Hummm... Impossível!

Abaixo estão os guardas, a cavalo, andando na direção oposta ao Palácio de Buckingham. Eu estou caminhando em direção ao Hyde Park, que está a uns vinte minutos daqui, e à famosa loja de departamentos, Harrods, que está um pouco mais longe. Mas dá para fazer tudo a pé, sem ter que pegar metrô.

Até!
Rosane
Cambridge, 29 de janeiro de 2012.

sexta-feira, 27 de janeiro de 2012

A poesia de Londres

Leitor,

O frio aqui, nesta noite de sexta-feira, não está fraco não, mas decidi ir a Londres amanhã. Depois lhe direi. Já fui a Londres tantas, mas tantas vezes, mas sempre fico com a sensação de que a cidade se perde de mim. Toda vez ela está diferente. Eu também estou diferente toda vez.

Como disse o filósofo, o homem nunca pisa duas vezes no mesmo rio, porque o homem muda, o rio também. Como o tempo voa, resolvi que enfrentarei o frio inglês e, amanhã cedo, pegarei o ônibus para Londres. Tem que se ter muita disposição, mas ouvi, há pouco e felizmente, que em abril até faz muito calor aqui!!!

Pelo menos Londres não é tão gelada como Berlin, por exemplo. Na verdade, Londres é gelada, mas eu prefiro pensar que não é. Mas Londres é tão charmosa, tão charmosa, que vale a pena enfrentar qualquer frio, qualquer medo, qualquer, qualquer...

Obs.: A foto do galho não é em Londres, é em Cambridge. A poesia está em todo lugar.

Até!
Rosane.
Cambridge, 27 de janeiro de 2012.

As várias caras de Londres

Leitor,

Fim de semana chegando... e Londres está ali do lado, com mil e uma opções. Mas dá uma preguiça sair, por causa do frio.

Um dos lugares mais interessantes de Londres, na minha opinião, é Camden Town, onde vivia a Amy Winehouse. Nunca fui fã dela, mas gosto bastante de Camden.

É um lugar alternativo, diferente. Há uma feira com comidas de todas as partes do mundo e não são tão caras.

Dizem que a noite por lá é interessante, com vários pubs, música ao vivo. Gosto do jeito meio esculachado de Camden. As coisas perfeitinhas demais são meio sem graça.

Não gostei do bairro Notting Hill, onde há um carnaval famoso, mas há milhões de turistas que gostam. Afinal, gosto é gosto.

Eu prefiro Camden Town, embora eu ache a Vila Madalena mais charmosa!

Obs.: No calendário chinês, este é o ano do dragão, que trás sorte. Acima, na foto, a fachada de uma loja em Camden Town.

Até!
Rosane.
Cambridge, 27 de janeiro de 2012.

Minha pátria é minha língua. Ou minha íngua?

Leitor,

Uma das coisas que mais me encantam é a língua. Quando visito um país diferente, fico tirando fotos e mais fotos de placas, avisos e por aí vai.

Numa das aulas, esta semana, uma aluna de mestrado apresentou sua pesquisa sobre o livro que aparece na foto. Minha primeira reação foi pensar: "O que esse 'oi' tão brasileiro está fazendo aí?".

Sem que eu perguntasse, vi que a garota tinha escrito, no slide, logo em seguida, que aquele "oi" era uma forma coloquial da língua. Mas não me senti convencida. Fiquei muito encasquetada. Então, esperei um pouco mais e perguntei a uma aluna que estava do meu lado. "É comum dizer 'oi' aqui na Inglaterra?". Ela me disse que não, que o "oi' é usado como sinal de advertência: "Oi, desça do nosso trem!".

Pensei que precisava dizer isso à Brenda, com quem aprendi Inglês, em Campinas (SP), mas acho que ela já deve até saber disso. Mas o que mais me encanta mesmo é como o nosso cérebro trabalha.

Lembro-me de que a Brenda (Staut) me explicava inúmeras vezes a mesma coisa e eu achava que aquilo jamais entraria na minha cabeça, reclamava, reclamava, mas está aqui, como ela sempre me dizia. E eu que achava que aprender Inglês era impossível.

Na verdade, à medida que se aprende, aumentam também as dúvidas e a complexidade do uso da língua. Contudo, fico muito feliz ao ver que avancei bastante nesses seis meses, apesar dos tropeços inevitáveis. Pelo menos por enquanto.

Obs.: "Minha pátria é minha língua" é uma referência ao Caetano Veloso, ao Fernando Pessoa.

"E deixem os Portugais morrerem à míngua...". (Não gosto nada da nossa herança portuguesa)

Até!
Rosane.
Cambridge, 27 de janeiro de 2012.

Pra que serve a ciência?

Caríssimo leitor,

Tenho a sensação cada vez mais clara de que você não existe. O sentimento é, às vezes, de frustração e, noutras vezes, de profunda alegria, por mais paradoxal que pareça. É frustrante porque você não lê o que escrevo e é animador porque, sem leitores, posso escrever o que eu bem entender.

A professora Maria Nikolajeva me perguntou, esta semana, se eu participaria da conferência, em março, sobre o livro e a leitura, aqui no Homerton. Eu disse que sim e falei que, infelizmente, meu trabalho tinha sido rejeitado.

Resolvi enviar um e-mail para a Erin Spring, que é uma das organizadoras, e para quem os abstracts foram enviados, apenas para dizer que eu gostaria de saber mais detalhes, o porquê da não-aceitação, pois assim, da próxima vez, eu faria um abstract diferente. Ela me respondeu, mas disse que eles não dão mesmo detalhes.

A professora Maria vira e mexe escreve um texto no blog que ela tem, falando sobre os nãos que ela ouve. Isso é legal, pois mostra-nos os dois lados da moeda. Mas é tão raro encontrar alguém que, como ela, admite que também recebe nãos, e que recebe sins também, o que a torna tão respeitada em sua área de pesquisa.

Mas sinto-me frustrada por não ser ouvida como eu gostaria, por saber que ninguém mais (com exceção da Maria) quer saber do que se passa no meu País. Eu queria trocar idéias, eu queria me comunicar, eu queria que essas faculdades famosas não fossem tão fechadas. Mas são. Mas eu não desisto. Onde é possível, eu exponho as idéias. Eu ainda acredito que é possível criar pontes.

A Maria tem sido uma ponte. Ainda não consegui elaborar essa minha frustração com Cambridge para dizer a ela da maneira como eu gostaria. Isso não significa que eu não esteja gostando. A experiência tem sido magnífica.

Eu só não sei bem ainda para o que mesmo serve a ciência, se ela nem sempre pode ser comunicada. Acho que o silêncio tem me incomodado. Querendo ou não, Cambridge amedronta. Mas me prometi que não vou sucumbir a isso!

Se ainda não sucumbi nesses 11 anos de Unicamp, que é extremamente rígida, não é aqui que sucumbirei. Como já disse, Cambridge é muito, mas muito mais afável do que o mundo acadêmico de São Paulo. Fica a seu cargo imaginar, então, como deve ser a Unicamp...

Ah, preciso juntar energias para comentar sobre minha banca de qualificação. Vou tentar seguir o exemplo da Maria e falar também das coisas que nem sempre são as melhores que poderiam acontecer em nossas vidas.

Até!
Rosane.
Cambridge, 27 de janeiro de 2012.

quinta-feira, 26 de janeiro de 2012

Tu te tornas responsável...

Caro Leitor,

Este texto será, na verdade, fragmentos de um texto. Eu tinha dito que na próxima postagem falaria do livro da Maria Nikolajeva, sobre imagens, mas preciso tirar uma foto do exemplar que ganhei de lembrança da Maria, em Português, quando cheguei aqui.

Acho que, para quem pesquisa sobre livros, vale a pena lê-lo. A Maria traz umas questões novas sobre essa temática. Ontem, em uma das aulas, ela disse que começou a pesquisar sobre "picturebooks" há quinze anos. Portanto, é bastante recente. Ah, e a Maria é considerada uma das mais importantes pesquisadoras nesse campo na Europa!

Ontem foi um dia rico aqui no Homerton e gostei muito das aulas que acompanhei com a Maria e a Morag Styles. Voltarei a falar sobre o assunto. Elas são apaixonadas por literatura infantil e é legal ver como trabalham essa temática com os estudantes de mestrado e doutorado.

Hoje acompanharei mais uma aula da Morag Styles, para alunos da graduação. Ela é uma entusiasta da poesia para crianças. Depois nós, estudantes de doutorado, teremos uma sessão com a Maria, em que discutiremos sobre "O Pequeno Príncipe".

Já li e reli Exupéry. Antes, eu tinha um preconceito danado com esse livro. E depois passei a achá-lo uma pérola.

Acho que o pequeno príncipe me cativou.

Até!
Rosane.
Cambridge, 26 de janeiro de 2012.

quarta-feira, 25 de janeiro de 2012

Como estimular a leitura?

Leitor,

Hoje, quarta-feira, é um dia pacato, a não ser pelo barulho que, desde bem cedo, uns homens fazem aqui em frente, com suas máquinas, pois estão reformando uma casa, com esse tempinho de chuva e... frio!

O texto vai ser curto. Hoje, pela manhã, estive com a Maria Nikolajeva, minha "host" na Faculdade de Educação, e foi muito bom conversar com ela. Vim em casa correndo para preparar um almoço rapidíssimo porque, das duas às quatro, vou acompanhar uma aula da Maria e da Morag Styles.

Das cinco às sete, acompanharei outra aula da Maria (embora o nome dela nos seja tão familiar, ela é russa e tem também nacionalidade sueca, por conta do marido dela, o Stephan). Aprendo bastante com a Maria, porque ela é uma pessoa muito interessada em literatura infantil e já esteve duas vezes no Brasil, se interessa pela cultura brasileira, visitou a Amazônia, em julho. Meu próximo post será sobre o livro que ela lançou no Brasil.

Ontem, das cinco às seis, tivemos, no Homerton College, o primeiro Book Club do ano. O livro comentado foi Tobby Alone. Não li o livro, porque não o encontrei na biblioteca, mas a Maria me disse que vale a pena lê-lo. A Maria levantou uma questão sobre as alegorias e preciso pesquisar mais sobre isso.

Hoje, recebi uma notícia boa da Maria: que virá uma colega da Espanha, mais uma visitor. É que desde que as minhas colegas chinesas foram embora, não tenho mais com quem trocar minhas idéias. Estou só!!!!

Na foto acima, da esquerda para a direita, estão elas: Susan (nome inglês!!!), Feng, eu, Sit e Lingling.

O tempo está voando e eu disse à Maria que queria ficar aqui por mais uns quatro anos. Preciso enviar àquele e-mail à Dilma...

Até!
Rosane.
Cambridge, 25 de janeiro de 2012.

terça-feira, 24 de janeiro de 2012

O que é que eles têm?


Leitor,

Em 2012 será realizada, aqui no Homerton e na Faculdade de Educação, a conferência "The child and the book", de 30 de março a primeiro de abril. A primeira foi realizada em 2004.

Virão pessoas de várias partes do mundo discutir aspectos filosóficos da literatura infantil, seja lá o que isso significar. Enviei meu trabalho, mas foi rejeitado. Eu tinha uma certa esperança, apesar de achar a temática da conferência muito fora de propósito.

A moda aqui tem sido discutir o que eles chamam de "aesthetics", uma palavra difícil de se pronunciar, mas isso é o de menos. O difícil mesmo é entender aonde esses pesquisadores querem chegar, embora alguns deles se posicionem como sumidades no assunto. Sim, aqui também, lembrando o Lima Barreto, tem gente que fala javanês!!!

Quando vi os tópicos para o envio dos resumos, senti que o mar não estava para peixe, só que, como o evento é sobre literatura infantil, sobre livro, achei que meu trabalho se encaixaria, afinal, pesquiso exatamente sobre isso.

(E os visiting scholars? E suas pesquisas? Quem vai conhecê-las?)

Até!
Rosane.
Cambridge, 24 de janeiro de 2012.

segunda-feira, 23 de janeiro de 2012

Livros, Shakespeare e a arte de compreender

Leitor,

Chega uma hora em que, por mais que tudo seja novidade, fica difícil ter paciência o tempo todo com o tempo. Digo: com os tempos. São quase cinco da tarde e já é tão escuro. Aqui nessa ilha é escuro demais. Por isso, quanto mais o tempo passa, mais entendo por que os ingleses são tão ranzinzas quando o assunto é o tempo. A luz do sol faz falta.

Shakespeare, como eu já disse, é leitura indicada aos alunos-leitores em formação, pelo National Curriculum. Se os ingleses já leram Shakespeare? Não sei quantos. Seria o mesmo que perguntar quantos brasileiros já leram Machado de Assis.

Estou criando ânimo para visitar Stratford-upon-avon, a cidade onde viveu o escritor inglês. É que viajar pela Europa, ou melhor, pelo Reino Unido e Europa, não é uma tarefa fácil, não. Cansa, cansa muito. Claro que tem os benefícios, as aventuras, mas queria entender o que faz tanta gente no mundo se descabelar para poder visitar a Europa repetidas vezes.

Se quiser saber um pouquinho mais sobre Stratford, aqui está: http://www.stratford-upon-avon.co.uk/soawshst.htm

Mudando o rumo da conversa, hoje voltei a um link que é interessante para quem pesquisa sobre leitura, o do National Centre for Research in Children´s Literatura (NCRCL), e o site é:

Sobre Shakespeare, não acho que seja uma leitura fácil, mas toda vez que me deparo (ou deparo, sem o pronome?) com um autor complexo, tenho a fantasia de que, mesmo que não o compreenda agora, um dia a luz virá. Isso nos foi dito por um professor da Faculdade de Jornalismo, em Goiás, e funciona muito comigo. O importante é ler. Compreender já é outra história. Virá - ou não - com o tempo. Geralmente, vem. Com Ser e Tempo, do filósofo alemão Heidegger, é assim. Precisarei de várias leituras, mas o importante é que a primeira já aconteceu.

O livro de Shakespeare de que mais gosto é Macbeth, pois o acho humano e instigante, com aquelas bruxas logo no começo. Por isso, uma obra-prima. Se estiver a fim de mergulhar na obra dele, vá em frente, mas antes dê preferência aos nacionais. Mas, se puder, não leia Paulo Coelho.

Até!
Rosane
Cambridge, 23 de janeiro de 2012.

domingo, 22 de janeiro de 2012

Deu no New York Times: educação como elixir da vida


Leitor,

O The New York Times publicou hoje, na seção "Educação", uma matéria sobre o cérebro e sua capacidade de cognição com o passar do tempo. Nada de muito novo. O que me chamou a atenção é que os pesquisadores reforçam a importância da educação na vida de uma pessoa. Quanto mais se estuda, maiores as chances de se ter um cérebro mais ativo e capaz, com a possibilidade de driblar a demência prematura.



A leitura dessa matéria ajudou a minha memória a voltar no tempo. Viu como ler faz bem para a vida? O difícil é convencer as pessoas disso, especialmente num país onde a educação não tem valor nenhum. Esse país se chama Brasil.

Ao criar o título acima, lembrei-me do Biotônico Fontoura, que, como a Minancora, o Merthiolate, fazem parte da cultura popular nacional. Parece que, no fundo, no fundo, eles não servem para nada, mas alguém convenceu a gente de que servem. E, por falar nisso, sobre a indústria farmacêutica e o marketing, como me irritam aqueles representantes comerciais que ficam nos consultórios médicos vendendo remédios - ou oferecendo presentinhos aos doutores, ou presentões! - e agem como se fossem Phds na sua área. O que os torna tão metidos?

Acabei desistindo de uma dermatologista, em Campinas (SP), onde fui por muitos anos para tratar algumas espinhas. O consultório dela fica cheio desses caras e ela dá muita atenção a eles. Sem falar que agora ela também está na onda do botox e dá preferência às madames que estão lá para a recauchutagem. Da última vez, fiquei muito chateada, pois a dermatologista mal olhou na minha cara. Ela era tão humana, e agora está tão mercadológica...

Sobre o Biotônico Fontoura, dei uma googleada aqui, e encontrei que o criador do elixir foi Cândido Fontoura, que morreu em 1974. Ele trabalhou com Monteiro Lobato, no Estadão, e daí surgiu a campanha do Biotônico com o personagem Jeca Tatu, criação lobatiana que lhe rendeu dores de cabeça mais tarde. O objetivo era estimular o uso do Biotônico para tratar a verminose, ou o amarelão.

Aqui está o link para a matéria do do NYTimes:


Até!
Rosane.
Cambridge, 22 de janeiro de 2012.


sábado, 21 de janeiro de 2012

"Sou a cigarra cantadeira

de um longo estio que se chama Vida."


Leitor,

Aqui em Cambridge, me pergunto muito, como me perguntava antes, mas agora acho que mais e mais, por que a exclusão? Por que a educação não é para todos?

A escritora goiana, Cora Coralina, ou Ana Lins dos Guimarães Peixoto Bretas, não concluiu os estudos. Era pobre demais. Era relegada demais. E pela própria família.

Achavam que era feia, que era boba, que era incapaz. Em seus poemas, ela vai mencionar inúmeras vezes, e com imenso carinho, a mestre que lhe ensinou as primeiras letras. Vai ver que o afeto exerce papel fundamental na formação de um aluno. Vai ver.

Quando fui à Cidade de Goiás, onde Cora viveu até morrer - depois de voltar de São Paulo, para onde fugiu para se ver livre da família-, a escritora tinha morrido há um ano. A casa sobre o rio estava lá, o chão era de terra batida, uma pobreza inacreditável. Depois foi um político e enfeitou a casa e não sei mais como ficou.

Eu estava a poucas horas da Cora, mas não sabia da sua existência. Como eu queria tê-la visto pessoalmente! Só fui descobrir Cora de verdade quando fui prestar vestibular e um dos livros exigidos era Vintém de cobre - Meias-confissões de Aninha.

Nunca mais Cora saiu de mim. Gosto de cigarras e de formigas. E acho que a poesia de Cora torna a vida mais c-o-r-a-l-i-n-a.

Até!
Rosane.
Cambridge, 21 de janeiro de 2012.

"Sou um homem na engrenagem"

Leitor,

O Primeiro Mundo é muito diferente do Terceiro Mundo e, por isso mesmo, é muito parecido. Vou tentar me explicar melhor.

Em pleno verão, numa das regiões privilegiadas de Londres, o mendigo está lá, solitário, sentado, esperando, esperando, esperando. Há muitos mendigos na Europa.

Os postos de combustíveis não têm frentistas. Para mim, posto de combustível sem frentista é parecido com velório: uma tristeza. Aqui você vai lá, abastece, depois vai lá, paga, e assim vai indo. E o combustível é caro pra danar.

Em vários supermercados, mesmo aqui em Cambridge, que é uma cidade de pouco mais de cem mil habitantes, você mesmo se dirige ao caixa e passa os itens no leitor, que deve ser ótico, ou algo assim, e você paga e por aí vai. No começo, eu ficava receosa de não saber usar a máquina. Outra coisa é que eu acho que se todo mundo usar as máquinas, os caixas-humanos vão perder seus empregos.

Mas já aderi aos caixas eletrônicos nos supermercados e confesso que tenho gostado. O bom é que essas máquinas todas falam em Inglês com a gente - ao contrário dos caixas-humanos - e é uma forma de se aprender a língua. No elevador: "First floor" ("fist" floor); "going down", e assim segue. O microondas dá uma aula de Inglês daquelas... Muitttttooo moderno!

E, na Faculdade, esse lugar para os privilegiados, é tão difícil fazer amizade. Por que é tão difícil fazer amigos? Tão difícil construir novas relações? Por que é mais fácil se comunicar com as máquinas?

Acho que eu queria uma Faculdade eletrônica, onde pelos menos houvesse máquinas para conversar comigo, para me ajudar a compreender a educação. Assim, talvez, tudo ficaria mais fácil. Mas, como diz o Drummond, "Sou um homem na engrenagem". Como o mendigo da foto, também estou esperando, esperando, esperando. Mas os homens são tão sérios. A comunicação é tão difícil.

("Mas não impossível"), sussurra-me uma voz.

O que salva é aquilo que ainda virá. O que salva é o que está, o que está sendo, o que está estando.

Até!
Rosane.
Cambridge, 21 de janeiro de 2012.





Sorria, Londres

Leitor,

Hoje, sábado, está sendo um dia chuvoso, embora aqui, na Inglaterra, não tenha aquelas chuvas do Brasil não, aquelas que carregam as cidades. Aqui tem uma chuvinha discreta, mas venta muito. Agora à noite está ventando demais.

O problema é quando o vento nos pega no momento em que o avião está tentando pousar... Nem preciso falar. Quem tem medo de avião, bem o sabe: mãos geladas e a sensação de que "desta vez, já era".

Sempre que vejo que há um piloto lindo e sorridente dentro do avião, penso: "Este avião não vai cair. Hoje não é dia de um homem tão bonito morrer!". É uma psicologia meio barata, mas ajuda. Ajuda, também, ler o belo poema de Carlos Drummond de Andrade, "Morte no avião".

Mas falemos de vida. Em Londres há o movimento "Smile London":


E isso enquanto borbulham notícias de movimentos silenciosos (:) de ocupação de vários pontos de Londres. Assim a vida segue.

E, como vida e morte caminham juntas, e se completam, não resisti e aqui está o poema do Drummond, afinal, não é todo país que pode se gabar de ter tido um gênio desses, nascido em terras brasileiras. Peguei esse texto na internet, pois não estou com meu livro aqui. Espero que não esteja faltando nada.

Morte no avião
Carlos Drummond de Andrade

Acordo para a morte.
Barbeio-me, visto-me, calço-me. (...)
Tudo funciona como sempre.
Saio para a rua. Vou morrer.

Não morrerei agora. Um dia
inteiro se desata à minha frente. (...)
Visito o banco. (...)
Passo nos escritórios.(...)
Estou na cidade grande e sou um homem
na engrenagem. (...)
A fatura. A carta. Faço mil coisas
Que criarão outras mil, aqui, além, nos Estados Unidos.

Tenho pressa. Compro um jornal. É pressa
embora vá morrer. (...)
Comprometo-me ao extremo, combino encontros
a que nunca irei, pronuncio palavras vãs,
minto dizendo: até amanhã. Pois não haverá.

Subo uma escada. Curvo-me. Penetro
no interior da morte.
A morte dispôs poltronas para o conforto
de espera. Aqui se encontram
os que vão morrer e não sabem.

(...)golpe vibrado no ar, lâmina de vento
no pescoço, raio
choque estrondo fulguração
rolamos pulverizados
caio verticalmente e me transformo em notícia.

Até!
Rosane.
Cambridge, 21 de janeiro de 2012.



sexta-feira, 20 de janeiro de 2012

, alguém quebrou a magia das princesas ,

Caro leitor,

Prometo que tentarei, a partir da próxima semana, escrever uns textos mais leves, mas é que sou jornalista e professora e pesquisadora e, cada vez que abro os jornais, acabo me envolvendo com aquilo que leio.

Assim que terminei o relatório do Ofsted, que fiscaliza o ensino aqui na Inglaterra, fiquei com uma só sensação: a de que o peso da qualidade do ensino fica sempre nas costas do professor e da equipe da escola. Quando eles se empenham, a leitura flui; quando não, a leitura não flui.

Está certo que eles mencionam a necessidade de se ter as condições físicas propensas ao estímulo à leitura, batem mil vezes na tecla da alfabetização para a leitura como essencial para a formação do leitor, com o que concordo em parte, mas, para ser sincera, esse relatório, que é o atual, ao invés de esclarecer, trouxe mais dúvidas ainda à minha cabeça.

No curso que fiz no CLPE, em Londres, tive a mesma sensação, a de que se tenta pintar um cenário cor-de-rosa, perfeito, quando a realidade é bem outra. E hoje, dando uma olhada em alguns jornais brasileiros, vi uma notícia em O Globo, com o seguinte título: "Fuvest e Unicamp divulgam lista de livros obrigatórios para vestibular". Veja a lista:

Viagens na minha terra, Almeida Garrett; Til, José de Alencar; Memórias de um sargento de milícias, Manuel Antônio de Almeida; Memórias Póstumas de Brás Cubas, Machado de Assis; O cortiço, Aluísio Azevedo; A cidade e as serras, Eça de Queirós; Vidas secas, Graciliano Ramos; Capitães da areia, Jorge Amado; Sentimento do mundo, Carlos Drummond de Andrade.

Essa lista me fez viajar no tempo e achar que pouca coisa mudou em termos de ensino. Não que eu não goste desses autores. Mas é que quando eu ainda era garota, e estudava lá na escola pública, em Goiás, já me solicitavam alguns desses títulos, e nem era para vestibular, claro, era leitura obrigatória mesmo. O problema é que esses livros simplesmente são ignorados pela maioria das escolas públicas. O PNBE, em geral, envia essas obras para as escolas, mas envia também outras, coisas como "Até as princesas soltam pum"!!!

A questão é que, junto com os clássicos, vai também o lixo, vai muita porcaria, que passa pelos avaliadores do PNBE. O que encontrei durante a pesquisa em escolas públicas, em Campinas (SP), é que os estudantes parecem gostar mesmo é de ler Harry Potter, pois são até estimulados a isso; gostam da saga Crepúsculo, coisas assim.

Ou seja, o estudante de escola particular, ou aquele que faz cursinho, vai ter sempre mais chances de ser aprovado no vestibular, especialmente porque é comum ele estudar o resumo dessas obras, e, mesmo não as lendo de verdade, ele estará sempre à frente dos alunos das escolas públicas.

No fundo, todos estamos perdendo: o estudante da escola pública, alheio ao seu próprio destino; o da escola particular que, geralmente, finge que lê, mas não lê; e nós, cidadãos, que vemos nosso dinheiro bailar em direção à conta dos editores, que entulham as escolas públicas de livros vãos, com o aval do governo brasileiro.

Aqui, no Reino Unido, há também uma tendência a se preferir esses livros da moda como referência para leitura, embora o National Curriculum mencione a necessidade de se ler Shakespeare. Voltarei a essa temática.

(Pode parecer caretice, mas eu ainda prefiro as princesas quando elas não soltavam pum, ou, pelo menos, quando eu não precisava saber que soltavam.)

A foto, acima, "Novel reader", ou a leitora de romance, é de Vincent Van Gogh. Se você vier a Londres, vai ver de graça quadros dele na National Gallery.

Até!
Rosane.
Cambridge, 20 de janeiro de 2012.





quinta-feira, 19 de janeiro de 2012

Navegar é preciso. Viver...

Leitor,

Como eu tinha prometido, aqui está a foto da Ponte dos Suspiros ou Bridge of Sighs, em Cambridge, que é citada como um dos pontos mais bonitos.

Das fotos que tirei da ponte, esta nem é a mais bonita, mas eu a escolhi porque gosto da imagem do homem pequenininho que vai passar sob ela. É que o rio é uma das atrações de Cambridge e um dos passeios bem procurados pelos turistas. Esse homem que aparece na foto, minúsculo, é um dos que trabalham remando turistas para cima e para baixo.

Há várias pontes com o mesmo nome pelo mundo afora. Esta fica dentro do St Paul´s College. As visitas ao College são pagas e não é permitido atravessar a ponte pelo lado de dentro, caminhando. Mas, por sorte, no fim do ano passado, fui participar de uma das palestras do sociólogo Manuel Castells, estudioso das sociedades de rede. E, como era no St Paul´s College, pude caminhar pelo lado de dentro da ponte e atravessá-la. Mas, que pena, pois eu tinha esquecido a máquina fotográfica.

A primeira vez que tive contato com a obra do Castells foi na Universidade Federal de Goiás (UFG), como aluna ouvinte de uma disciplina do cientista político Pedro Célio, que tinha sido meu professor no curso de Jornalismo anos atrás. Comprei um dos livros do Castells e confesso que o achei muito pesado.

O que mais me chamou a atenção não foram nem as idéias dele, mas o seu tamanho. Ele é muito pequeno. Se você só ouvi-lo falar, e não vir o rosto, você leva um susto ao vê-lo de perto, porque ele é tão convincente quando se trata de suas idéias, fala com uma voz tão potente, que você pensa que ele é bem alto. Mas não.

Até gostei de algumas coisas que ele disse. Como não conheço a obra dele a fundo, não posso ficar palpitando a esmo. Sua principal qualidade, ao meu ver, é defender suas idéias de uma maneira sólida, com conhecimento de causa, pelo menos ao que parece. E ele adora falar, falar, falar. Deve gostar da profissão que tem. Só é difícil entender a pronúncia do Inglês, embora ele seja um espanhol que leciona na área de Comunicação nos Estados Unidos e tem que falar Inglês boa parte do tempo.

Enfim, é isso. Não são nem cinco horas e há um tempão já é escuro. Mas fez uma tarde linda, com sol.

Até!
Rosane.
Cambridge, 19 de janeiro de 2012.