Leitor,O Primeiro Mundo é muito diferente do Terceiro Mundo e, por isso mesmo, é muito parecido. Vou tentar me explicar melhor.
Em pleno verão, numa das regiões privilegiadas de Londres, o mendigo está lá, solitário, sentado, esperando, esperando, esperando. Há muitos mendigos na Europa.
Os postos de combustíveis não têm frentistas. Para mim, posto de combustível sem frentista é parecido com velório: uma tristeza. Aqui você vai lá, abastece, depois vai lá, paga, e assim vai indo. E o combustível é caro pra danar.
Em vários supermercados, mesmo aqui em Cambridge, que é uma cidade de pouco mais de cem mil habitantes, você mesmo se dirige ao caixa e passa os itens no leitor, que deve ser ótico, ou algo assim, e você paga e por aí vai. No começo, eu ficava receosa de não saber usar a máquina. Outra coisa é que eu acho que se todo mundo usar as máquinas, os caixas-humanos vão perder seus empregos.
Mas já aderi aos caixas eletrônicos nos supermercados e confesso que tenho gostado. O bom é que essas máquinas todas falam em Inglês com a gente - ao contrário dos caixas-humanos - e é uma forma de se aprender a língua. No elevador: "First floor" ("fist" floor); "going down", e assim segue. O microondas dá uma aula de Inglês daquelas... Muitttttooo moderno!
E, na Faculdade, esse lugar para os privilegiados, é tão difícil fazer amizade. Por que é tão difícil fazer amigos? Tão difícil construir novas relações? Por que é mais fácil se comunicar com as máquinas?
Acho que eu queria uma Faculdade eletrônica, onde pelos menos houvesse máquinas para conversar comigo, para me ajudar a compreender a educação. Assim, talvez, tudo ficaria mais fácil. Mas, como diz o Drummond, "Sou um homem na engrenagem". Como o mendigo da foto, também estou esperando, esperando, esperando. Mas os homens são tão sérios. A comunicação é tão difícil.
("Mas não impossível"), sussurra-me uma voz.
O que salva é aquilo que ainda virá. O que salva é o que está, o que está sendo, o que está estando.
Até!
Rosane.
Cambridge, 21 de janeiro de 2012.
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