
Olá, Leitor!
Hoje, pela manhã, quando abri os principais jornais do Brasil e alguns do mundo, como faço todos os dias, senti um certo alívio, pois aqui no Reino Unido todas as notícias eram meio pessimistas. Não que eu queira que o mundo pegue fogo, até porque isso já acontece mesmo, há milhões de anos, mas nós costumamos idealizar tanto os países considerados de Primeiro Mundo que, quando vistos de perto, eles nos surpreendem, pois apresentam-se tão diferentes, para o bem e para o mal.
Como diz o Caetano Veloso, na música Vaca Profana, "de perto, ninguém é normal". É como aquela história de o homem achar que a mulher do vizinho é sempre melhor. Lembro-me de ler o psicanalista Ângelo Gaiarsa dizendo que bastaria passar um dia com essa mulher do vizinho para o homem perceber que as coisas não são sempre assim. Mas é óbvio que a vida do vizinho algumas vezes é muito melhor do que a nossa mesmo. Só nos resta aceitar e, quiçá, aprender com ele, caso ele seja um vizinho de boa índole. E agradeça a Deus se você encontrar um assim! Mas, pelo visto, os nossos vizinhos distantes - os europeus - não andam muito satisfeitos não. E aqui não me refiro às mulheres deles nem às suas vizinhas, mas à economia e ao futuro.
Sobre as más notícias, na BBC de Londres - que tem um prédio suntuoso numa das avenidas mais valorizadas da cidade - todas as manhãs tem uma mulher, chamada Vanessa Feltz, que apresenta um programa em que entrevista pessoas pelo telefone. E eu que, muito tempo atrás, achava que a BBC era "a" BBC...
A principal característica dessa suposta entrevistadora é não deixar que o outro fale, a não ser que seja alguém mais importante ou que ela valorize. E, para variar, quase todos os dias a temática dela são problemas, problemas, problemas em Londres e como lidar com e educar filhos nesse contexto. Na verdade, parece que ela transforma aquele estúdio da BBC na sala-de-estar da casa dela. Hoje estava lá essa mulher a dizer que o filho dela, de 16 anos, está muito amedrontado porque garotos negros na rua, que supostamente integram gangues, abordaram-no para lhe fazer perguntas.
Os ingleses em geral não tocam diretamente nessa questão do racismo ou da aversão aos estrangeiros, mesmo quando tratam-se de europeus que vivem aqui, porque a Inglaterra tem a fama de ser um país mais paciente, contudo, é visível que, com a agudização da crise econômica, com o desemprego, com a criminalidade e outras coisas, eles não vêem com bons olhos quem não é da mesma raça. A não ser, claro, que a pessoa esteja num outro nível social.
Quem fala bem o Inglês aqui, por exemplo, é acadêmico, se sente mais tranqüilo. Entretanto, sempre me pergunto se eu fosse brasileira e negra, ou brasileira e deficiente física, se o tratamento seria diferente. Às vezes acho que sim, que não seria fácil. Aqui é raro ver um negro na pós-graduação da Faculdade de Educação de Cambridge, como é raro vê-los também, e infelizmente, no Brasil. Nem precisa ficar tentando explicar o porquê. São tantos, aliás.
Soube que no Brasil anda chovendo demais. Todo ano acontece algo parecido. A chuva sempre aparece nos jornais como vilã. Mas cadê os políticos para cuidar das cidades para que, quando a chuva chegar, os estragos não causem tanto impacto? Alguém pode me dizer, por exemplo, o que aconteceu com o Dr. Hélio, em Campinas?
Gente, transferi meu voto de Goiás para São Paulo porque não agüentava mais os políticos goianos. Aí votei no Dr. Hélio duas vezes. Ele parecia ser um homem tão honesto... Como alguém pode enganar tão bem assim?
Relembrando o Renato Russo: que país é esse? Ou que países são esses?
Obs.: Lima Barreto, que aparece na foto, para quem não sabe, era jornalista e escritor, mulato e filho de escravo. Um de seus livros se intitula Os Bruzundangas. No próximo post retomarei a temática do Brasil.
Até logo!
Rosane.
Cambridge, 16 de janeiro de 2011.
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