segunda-feira, 11 de junho de 2012

PhD não é sinônimo de felicidade!

Caro leitor,

Hoje, no final da manhã, tive uma surpresa agradável. Quando eu ia para a Faculdade, que fica aqui perto, vi o carteiro aqui da rua, o John, e fiquei muito feliz. E disse a ele: "Não acredito!" E ele veio correndo rápido e me abraçou, todo contente, com a blusa de uniforme de carteiro toda molhada pela chuva que caía desde o começo da manhã.

Ele trabalhou aqui por cinco anos e há umas duas semanas mudaram ele de região. Mas ele gosta de trabalhar aqui, porque encontrou algumas pessoas que pelo menos o cumprimentam.

Ele é inglês, tem quase 50 anos, é casado com uma professora e têm três filhos. E ele me disse que a cidade é muito fria. Que as pessoas são frias em geral e que só o cumprimentam quando ele está com o uniforme de carteiro.

E John é inglês...

Esta semana ele estará trabalhando aqui na Cavendish Avenue. Mas depois não sabe para onde vai. Ainda não está certo o local. É a lógica do mundo moderno: fazer rodízio para não criar vínculos. Dizer aos funcionários que não cumprimentem os clientes. Isso pode ser uma ameça ao sistema: pessoas amigas, amigáveis, que se cumprimentam e se respeitam como seres humanos.

O sistema tem muito medo de pessoas felizes. A felicidade é só um produto à venda, para milhões de infelizes. É um placebo. É uma mentira.

Que bom que John estará por aqui mais esta semana. Ele é um carteiro bem diferente, muito diferente do jeito de ser inglês. E muito competente.

Na verdade, quando falamos da Inglaterra, de que Inglaterra falamos? Desta que só tem coisas bonitas ou da Inglaterra que caminha silenciosa, porque não faz parte da festa da rainha?

John é o inglês mais feliz que conheci. E acho que sempre vou me lembrar da alegria dele, ao me ver, e da humildade e altivez com que parece aceitar o seu destino. Cada vez mais acho que são essas pessoas, simples, que fazem toda a diferença no mundo.

Eu nunca encontrei, entre os professores de Cambridge, um sequer que me desse essa aula de simplicidade como a do John.

Tomara que John seja bem feliz!

Até!
Rosane.
Cambridge, 11 de junho de 2012.


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