terça-feira, 5 de junho de 2012

God leve a rainha!


Caro leitor,

O calor que durou poucos dias se foi bem rápido e aqui não tem sol e venta e parece que vai voltar a chover.

A BBC encerrou agorinha mesmo a transmissão das celebrações dos 60 anos da rainha no poder e, pelas ruas de Londres, a plebe gritava: "God save the queen!"

Deus salve a rainha...

E fico pensando como pode a alienação chegar a tal ponto. E a mídia, com seu espetáculo de sempre. E os ricos usando dinheiro público para elevar a própria auto-estima. Mas está enganado quem pensa que todos os ingleses amam a rainha.

Já há um bom tempo que as coisas têm mudado. Toda vez que eles fazem uma grande cerimônia de casamento, ou celebrações como a dos últimos dias, é também para reforçar o poder de uma monarquia que criou um país desigual e para maquiar um regime e um sistema políticos absurdos.

O circo político é sempre o mesmo. Nas democracias. Nas monarquias. Os ricos governam para si, não para o povo. E o povo, ou parte dele, alienado, segue aplaudindo aqueles que lhes sugam o próprio futuro.

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Fiquei torcendo para que a rainha tropeçasse, caísse, para que alguma coisa de errado acontecesse, como acontece conosco, simples mortais. Mas não! Com essa gente nunca acontece nada de errado. É uma perfeição irritante. Ou uma aparente perfeição.

Eu pouco sei da vida dessa Elizabeth, que me parece ser apática. Mas hoje li que ela passou meses e meses viajando pelo mundo e é a chefe de Estado por aqui que mais viajou. De boba ela não tem nada...

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Continuo aqui, em casa, digitando umas tabelas do meu doutorado. Tenho a sensação de que nunca vou terminá-las.
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Enquanto isso, a vida, para nós, os operários, segue nada fácil. Eu, com a minha tese. A Missie ou Missy, a gatinha da casa, circulando pelo jardim para comer pássaros. Sim, porque, de uns dias para cá, ela começou a explorar seu lado animal e tem devorado todo pássaro que aparece pela frente.

E as rainhas-abelhas-operárias, ao contrário da Elizabeth, que tem vida fácil, seguem doidas pelo jardim, em busca do néctar dentro dos cones das foxgloves. E como são gordas as abelhas aqui! São uma bola! Mas são bem bonitas.

Será que toda abelha de primeiro mundo é gorda?
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Enquanto a tal Elizabeth comemora o poder, um monte de ingleses se embebeda. Bebem muito os ingleses. E li, recentemente, que todos os anos, um em cada quatro ingleses têm demência. E li hoje que dois milhões de ingleses fumam maconha. E estudos recentes revelaram que a maconha está cada vez mais potente e seu uso freqüente tem causado psicoses.

E a Elizabeth segue feliz da vida...
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Vou retomar minhas tabelas. Bem que o Pedro, meu orientador, me disse: "Compre um computador pequeno e, quando for às escolas fazer o levantamento dos livros, faça as anotações direto no computador".

Mas fiz tudo a mão. Tudo. E agora tenho que digitar as milhares de informações.
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Fazer doutorado é bom, mas às vezes cansa, especialmente por saber que nada vai mudar com ele. A lógica do mundo é bem outra. É a do Estado Espetáculo. Não é um mundo para reflexões. Ou é?

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Está chovendo!!!
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Até!
Rosane.
Cambridge, 5 de junho de 2012.



















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