quinta-feira, 16 de fevereiro de 2012

As pós-colônias no Primeiro Mundo

Leitor,

Hoje acompanhei uma aula no Homerton College, que acontece todas as quintas-feiras, às 11h15, com alunas da graduação.

Como em toda Faculdade de Educação, aqui também a maioria é mulher. Nesta turma não há nenhum homem.

O período acadêmico que precede a Páscoa está indo para o final e nessa turma, a cada semana, tem ido uma pessoa abordar um tema diferente.
A professora de hoje falou sobre literatura pós-colonial na África do Sul, entre outras coisas.

Havia duas visiting scholars - eu e Laura, da Espanha, que acabou de chegar. O interessante é que hoje as garotas estavam muito caladas e deduzimos que a maioria não leu o livro de literatura que foi sugerido. E isso numa disciplina que trata de livros literários o tempo todo. E isso sem falar que essas garotas pagam mais de nove mil libras ao governo britânico por ano para estudar em Cambridge. E Cambridge é uma universidade estatal...

Eu gosto dessa turma. Quando querem, as garotas são mais criativas do que as de pós-graduação que integram o grupo de pesquisa ao qual estou ligada. Mas elas representam a nata da população. São jovens, mais instruídas do que a maioria, selecionadas a dedo para estarem ali. Sorte delas e azar - será que é azar mesmo ou decisões políticas claramente excludentes??? - dos que nunca vão ter acesso à educação, seja aqui, no Primeiro Mundo, ou aí, no Terceiro Mundo. Na verdade, cada vez mais esses conceitos embaralham minha mente.

Quando eu voltar aos trópicos, encontrarei a luz. Mas, quando eu estava nos trópicos, não a encontrei. Achei que estivesse aqui. Por algum breve momento, eu achei. Mas a ciência vive de achados.

Até!
Rosane
Cambridge, 16 de fevereiro de 2012.

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