segunda-feira, 6 de fevereiro de 2012

E o sonho se tornou realidade... 4
















Leitor,

O que mais ouço na vida, desde que nasci, é que as coisas são como são e devemos apenas nos conformar com elas. Não estou falando de aceitação. Refiro-me a conformismo mesmo, a resignação.

Tenho pensado bastante sobre essa questão das possibilidades na vida, das portas que podem se abrir, das aberturas que estão ao nosso redor e, às vezes, não as vemos, pois a vista pode estar bloqueada por todos os "nãos" que ouvimos.

Sei lá, mas a neve me deixou ainda mais encantada com a beleza da natureza, com a capacidade da vida de ser diferente, nova, belamente assombrosa. Mas alguém poderia me dizer: "Ah, mas tem o depois da neve: os riscos, a sujeira, o perigo, o frio...". Sim, tem tudo isso, a neve também tem seus inconvenientes, mas tem também o outro lado, o da surpresa, da beleza, do diferente.

Mesmo alguns ingleses saem às ruas para celebrá-la e é possível ver em seus olhos que eles, apesar de terem visto a neve tantas vezes na vida, ainda se surpreendem. Mas há aqueles que não sentem mais nada, que acham a neve chata, incômoda, e esses são muitos.
Eles acham "a" v-i-d-a chata.

Enfim, quanta coisa simples nos cerca e nos perdemos a reclamar daquilo que nunca dá certo? Aliás, ando me perguntando o que é "dar certo" na vida, o que é ser bem-sucedido. Há mais de uma década retornei ao mundo acadêmico e voltei a ser estudante, de pós-graduação. Tenho conhecido tanta gente que "deu certo", que é "bem-sucedida", que têm um currículo Lattes invejável, e elas estão muito longe de serem exemplos para mim. Pelo contrário, não quero ser como elas.

A maioria das pessoas interessantes que conheci na vida, e com quem aprendi muito, eram pessoas simples, e muitas delas eu só as vi uma vez na vida. Não eram acadêmicas, nem diplomadas, nem nada, mas eram tão humanas. A academia, aqui, aí, acolá, é muito sem graça. É mais fria do que o gelo, a neve. Eu prefiro o silêncio da neve, sua beleza, porque ela me soa mais natural e convidativa à vida, do que o gelo que está dentro das relações - nada humanas - que se processam dentro das universidades (reforço que sempre há exceções).

Em suma, como disse o Saramago, para conhecer algo nessa vida, temos que dar muitas voltas. Aquilo que parecia tão supremo, de repente, é tão pequeno. Aquilo que parecia tão pequeno, de repente, torna-se tão grande. Sei que a cada dia fica mais claro o tipo de professor e de pesquisador que eu NÃO quero ser.

As portas, aos poucos, vão se tornando mais visíveis, a luz começa a entrar, e o que parecia ser tão imprescindível vai ficando para trás. Estou feliz por saber que a Unicamp vai passar. Como as estações do ano, uma hora tudo se transforma. Depois de mais de quatro anos, eu QUERO que o doutorado chegue ao fim. Preciso voltar a ser jornalista!!! E, se der certo, quem sabe ser professora novamente?

Obs.: Ontem, no fim da tarde, e começo de noite, fui até o Centro de Cambridge tirar umas fotos. São essas que aparecem aqui. Há três delas que foram tiradas nas proximidades da casa onde moro.

Até!
Rosane
Cambridge, 6 de fevereiro de 2012.

Nenhum comentário:

Postar um comentário