Da Vinci e as filas

Caro leitor,

Hoje, sábado, fui mais uma vez à National Gallery, na Trafalgar Square, em Londres, para tentar ver a mostra dedicada a Leonardo da Vinci, que eles anunciam como algo inédito no mundo.

Saí de casa de madrugada e pensei: "Com esse frio vai ser moleza. As pessoas não vão sair de casa tão cedo". Quando cheguei, por volta das oito da manhã, a fila já estava imensa.

Uma hora depois, veio uma funcionária explicar que, em função do alto número de visitantes e de gente que tinha passado a noite ao relento, para guardar lugar na fila, só poderíamos ver a exposição à noite. Preferi achar que tivesse entendido errado, porque nem sempre é possível entender tudo o que dizem, em Inglês. Ledo engano.

Fui ficando, ficando na fila, naquele frio que foi o pior na Inglaterra desde que cheguei: dois graus abaixo de zero, o que é nada se comparado aos 45 graus negativos da Rússia, mas todos estávamos sentindo frio demais! Uma coisa absurda. Quando era uma da tarde, ou seja, cinco horas na fila, vi que veio uma outra funcionária, que começou a explicar de novo sobre o horário. Aí perdi o receio e encarei a realidade.

Decidi perguntar para uma pessoa do meu lado quando poderíamos ver a exposição. Ela me disse que os tíquetes estavam sendo vendidos, mas que só poderíamos entrar às nove e meia da noite. E ainda por cima me disse: "Ela (a funcionária) nos explicou logo pela manhã", como se me dissesse: "Você está aqui porque quer..." Saí e decidi voltar para Cambridge. Gente, que frio!

E como há filas na Europa. É fila para tudo. Não sei como temos paciência. Não sei como o turista pode se divertir se tem que enfrentar tantas filas. É fila para comprar ingresso, fila para pegar elevador, fila para ir ao banheiro, fila para comprar um cafezinho, é fila, fila, fila. Esse mundo do turismo globalizado é muito chato.

Que Leonardo repouse em paz. Sinto muito, mas fiz o que pude. Aqui vai cair neve (dizem!), entre hoje e amanhã, e achei que Da Vinci não merecia tanto esforço. Na verdade, meu problema não é bem com Da Vinci, mas com esses organizadores de exibições artísticas que acham que somos idiotas. Será que somos mesmo?

Aqui estão umas fotos de Londres. Dá para ver uma pequena parte da fila. Ela era gigantesca. Há também as fotos do St. James´s Park com flores, apesar de todo o frio desse inverno, que parecia quente, mas está pregando peças. Acho fantástico saber que a vida nunca é previsível.

Se você clicar nas fotos para aumentá-las, verá melhor as flores ao fundo. É que esse branco todo nas fotos é frio!!! Não é que minhas fotos estejam embaçadas.

Até!

Rosane

Cambridge, 4 de fevereiro de 2012.