quinta-feira, 15 de março de 2012

Um método perigoso

Caro leitor,

Estamos de férias até o final de abril e, para aproveitar a bela tarde de fim de inverno aqui em Cambridge, fui assistir ao filme "A dangerous method", baseado na vida do médico psicanalista Carl Gustav Jung.

Foi a última exibição do filme aqui, que saiu de cartaz. Lembro-me de "Jornada da Alma", também inspirado na vida de Jung, e que é um filme bem marcante.

Gostei de "A dangeous method", porque acho a vida de Jung, ex-discípulo de Freud, interessante. Não sei até que ponto os filmes sobre a vida dele refletem mesmo o que ele viveu. Quando li sua autobiografia, não me lembro de ele mencionar uma vez sequer o romance com Sabina Spielrein, curada por ele no começo do século 20, talvez para não manchar a reputação conquistada, talvez por razões que só ele conhecia.

Não sei se é porque gosto muito do tema "psicologia" e de histórias baseadas em fatos reais que me senti bastante presa ao enredo, que me envolveu. Mas parece que ficou faltando alguma coisa, como se não tivesse terminado.

Enfim, o título "Um método perigoso" também me soa convidativo, especialmente porque sou cientista e porque preciso finalizar minha tese, que está ainda parada por falta de ânimo de retomá-la. O método, nessas horas, é imprescindível, para poder organizar melhor as idéias. Mas eu gosto mesmo é da poesia, da possibilidade de encontrar poesia no texto acadêmico.

Um senhor muito respeitado, que estava na minha banca de qualificação de doutorado, sentiu-se incomodado ao ver que eu usava uma linguagem meio poética. Engraçado, né, como tem gente estranha nesse mundo... Vou continuar tentando a poesia e não quero esse homem na minha banca de novo.

Eu só quero por perto as pessoas que ainda vejam poesia na vida e que não venham me dizer como eu devo ver o mundo, porque, ainda que eu aprenda com o outro e respeite suas idéias, tenho olhos próprios e é a partir desses olhos que vejo o mundo e só mudo de opinião quando realmente acho que, quem me avalia, me serve de exemplo.

Obs.: Um adendo: por que tem gente que vai para bancas de mestrado e doutorado só para exercer a crueldade? A isso se pode chamar educação? E olha que estou falando de pessoas que são professores e muitos deles são da área de Educação... Acho que entre teoria e prática há uma distância muito, mas muito grande.

Até!
Rosane
Cambridge, 15 de março de 2012.


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